Matthew Herbert (1972) é um músico e produtor de música electrónica britânico. Já actuou com alguns grandes nomes da música actual, incluindo Björk. O seu mais recente álbum chama-se Plat du jour (2006).
O peso da genialidade é grande. Ser excêntrico e criativo na música, quando é uma constante celebrada, acaba virando armadilha para músicos, que ficam presos à obrigações inconscientes e expectativas. Imagine como deve ser para Matthew Herbert, o cara que gravou de camisinhas e comida, que fez Róisín Murphy criar canções com seus diários de papel (literalmente), e que agora está musicando a vida de um porco, do nascimento até virar linguiça nos pratos dos humanos.Num cenário em que a música eletrônica foi massificada e, diluída, passou a sofrer de falta aguda de idéias, o produtor e DJ inglês Matthew Herbert é um antídoto para esse marasmo criativo.
Assim como uma série de produtores que se afastam da obrigatoriedade de compor para a pista de dança, Herbert chega à maturidade flertando com a música eletrônica produzida pelas vanguardas dos anos 60 e 70, mostrando preocupação não só em criar uma música original, mas também em usar suas idéias musicais politicamente.
Quem presenciou a sua apresentação com a Matthew Herbert Big Band, no último dia 8 de setembro em São Paulo, na abertura da versão brasileira do festival espanhol de arte eletrônica Sónar, pôde atestar esse lado político, além de ouvir uma das misturas mais bem feitas de eletrônica com jazz.
Herbert sampleava em tempo real a banda composta de uma seção rítmica tradicional (piano, baixo e bateria), mais cinco saxofones, quatro trombones e quatro trompetes. Os arranjos cristalinos da banda, que lembram os de Gil Evans para discos clássicos de jazz orquestrado, como "Miles Ahead", de Miles Davis, eram desfigurados pelas mãos de Herbert, que alternava momentos de transparência com outros de dissonância completa.
No plano político, atacou o primeiro-ministro britânico Tony Blair em duas projeções de vídeo, e a imprensa americana ao distribuir cópias do "USA Today" para serem rasgadas e amassadas pela banda. O som dos jornais rasgados eram sampleados e mixados ao som da orquestra.
Mas nem sempre as músicas de Herbert tiveram esse viés político. Seus primeiros lançamentos eram de música para pista, misturas de house e electro, sempre com uma mistura jazzy. O jazz, inclusive, é algo natural em Herbert, que estudou piano e aos 16 anos já tocava em uma big band inglesa.
Há alguns anos tive contato com algumas das faixas de Herbert para pista, mas me converti ao seu credo eletrônico após comprar o excelente "Bodily Functions", em 2001. O disco chamou a minha atenção pelo seu conceito.
Seguindo as regras que ele próprio criou para não "trapacear" como produtor, explicadas no manifesto PCCOM (Contrato Pessoal para a Composição de Música, na sigla em inglês), que não admite o uso de samples de músicas preexistentes e de baterias eletrônicas, "Bodily Funcitons" é composto usando samples de sons produzidos pelo corpo humano e tem lindas composições vocais cantadas por Dani Siciliano, hoje mulher de Herbert, que também se apresentou em São Paulo.
A internet me possibilitou ir atrás das outras músicas do produtor, lançadas sob diferentes heterônimos, como Doctor Rockit, Wishmountain e Radioboy, alguns deles já devidamente enterrados. Meu preferido é Radioboy, que encarna uma cruzada contra a globalização.
Seu único álbum, "The Mechanics of Destruction", é distribuído de graça na internet no site www.themechanicsofdestruction.com e traz faixas como "Nike", McDonald’s", "Hollywood", "Coca Cola", "Rupert Murdoch e Vivendi", entre outras. Nessas faixas ele cria uma música esquisita, usando samples relacionados com cada um dos temas, como o som produzido ao usar canudinhos para tomar refrigerante, no caso de "McDonald’s" ou discursos políticos, como em "Henry Kissinger".
A política volta a ser tema de Herbert em seu disco mais recente, "Goodbye Swingtime" (2003), o mesmo que foi apresentado com a orquestra na abertura do Sónar. Conversei com Herbert, por telefone, pouco antes de ele vir a São Paulo.
Discografia:
- The antioch bypass Ep (1997)
- Let's all make mistakes (2000)
- Mistakes (2001)
- One minute (2001)
- Mistakes (2001)
- Secondhand sounds (2002)
- On your feet Ep (2004)
- Plat du jour (2005)
- The appetiser (2005)
- Score (2007)
- Parts Remixed (1996)
- 100 Lbs (1996)
- Parts One Two and Three (1996)
- Around the House (1998)
- Bodily Functions (2001)
- Secondhand Sounds: Herbert Remixes (2002)
- Around the House (2002)
- Scale (2006)
- Wishmountain is dead - Long live to Radio Boy (1997)
- The mechanics of destruction (2001)
- Rude Workouts (2005)
- The music of sound (1996)
- Indoor fireworks (2000)
- The unnecessary history of Doctor Rockit (2004)
- Goodbye swingtime (2003)
- There’s me and there’s you (2008)
Aksel Schaufler também conhecido como Superpitcher, é um produtor musical alemão. Também faz parte do Supermayer, projeto paralelo com seu colaborador Michael Mayer. De origem alemã Isolée é formado por Raijko Muller teve seu albúm de estréia lançado em 2000 (Rest). Müller nasceu na cidade de Frankfurt, aos sete anos mudou com os pais para a Argélia, onde viveu até completar 12 anos. Depois voltou à sua cidade natal onde se envolveu com música e sintetizadores lançando albúns com influência de House, Minimal, Funk e Soul .
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